A
África e o Mundo
Grande
parte do continente africano serviu e serve de cenário a profundos conflitos sociais,
econômicos, políticos e étnicos. Os problemas que atingem a maioria dos países
africanos são reflexos da herança colonial, que desequilibra as economias
locais e gera conflitos entre grupos sociais e políticos. Mesmo com o processo
de descolonização, após a Segunda Guerra
Mundial, as marcas da dominação europeia ainda tem espaço na África, a exemplo da ingerência de algumas
potências nos assuntos das ex-colônias.Na esfera política, os regimes
“socialistas” implantados após 1945 não apresentam um mínimo de eficiência,
enquanto os Estados de economia “liberal’ não passam de tristes exemplos
dos frutos podres do neocolonialismo.E
na esfera econômica, independentemente da orientação ideológica dos governos,o
déficit público e a crescente dívida externa vêm agravando a miséria da grande
maioria da população. Segundo Albert Adu Boahen :
No entanto, a perda da independência e da
soberania teve para os africanos uma significação bem mais profunda. Antes de
mais nada, representou a perda do direito de se incumbir de seu destino, de
planejar seu próprio desenvolvimento, de gerir sua economia, de determinar suas
próprias estratégias e prioridades, de obter livremente lá fora as técnicas
mais modernas e adaptáveis e, de maneira geral, de administrar – bem ou mal –
seus próprios assuntos, buscando inspiração e alegria em seu próprio êxito e
extraindo a lição de seus fracassos. Em resumo, o colonialismo privou os
africanos de um dos direitos mais fundamentais e inalienáveis dos povos: o
direito à liberdade.(BOAHEN.2010,p.927).
Hoje em
dia alguns países da África são pobres e a população passa por grandes necessidades.
Parece uma tristíssima ironia da História, porque no passado a África colaborou
com o desenvolvimento das civilizações na Europa, na América e na Ásia. Para
começar, a brilhante civilização do Egito. Os europeus aprenderam muita coisa
boa com os egípcios, inclusive Matemática e técnicas de engenharia. A fome de
ouro dos comerciantes europeus do século XV foi saciada com as minas da Guiné.
O mesmo ouro também atraiu árabes e chineses para a costa oriental africana. Não
esqueceremos nunca que milhões de seres humanos foram arrancados pra servir de
escravos nas plantações e minas na América.
O
processo de descolonização da África se deu por conta do pós-guerra, o domínio
imperialista europeu na Ásia e na Europa passou a ser questionado. Não havia
mais condições políticas para a manutenção de colônias. Afinal, os europeus
haviam lutado contra as ditaduras em seu próprio continente mas continuavam
dominando os povos de suas colônias na África e na Ásia.
A
Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 1945 para intermediar a relação
entre os países e permitir que encontrassem saídas diplomáticas para seus
conflitos, também defendia a igualdade entre países.
Por
outro lado, parte da população das colônias, na África e na Ásia, havia muito
tempo se organizava e lutava para conseguir sua independência. Como afirma P. C. Lloyd.
É fácil questionar hoje a lentidão do
desenvolvimento econômico durante os cinquenta anos de dominação colonial. Não
obstante, a diferença entre a condição da sociedade africana do final do século
XIX e a do final da Segunda Guerra Mundial é espantosa. As potências coloniais
proporcionaram toda a infraestrutura da qual dependeu o progresso na época da
independência: aparelho administrativo, aliás eficiente, que alcançava as
aldeias mais remotas, uma rede de estradas, de ferrovias e de serviços básicos
em matéria de saúde e de educação. As exportações de materias‑primas trouxeram considerável riqueza aos povos da África
ocidental. (LIOYD,2010,p.920).
Durante
o processo de descolonização, as rivalidades entre os blocos socialistas e
capitalista também se manifestaram na África e na Ásia .Na disputa pela
hegemonia mundial,Estados Unidos e União
Soviética apoiaram vários movimentos de independência, visando ocupar o lugar
dos amigos impérios coloniais europeus.A intenção não era se imporem como novas metrópoles, com
possessões territoriais e administração direta, mas estabelecer uma influência
política e econômica sobre os nascentes países.
Apesar
das diferenças de uma região para outra, de uma colônia para outra, podemos separar
os processos de descolonização da África em dois grandes grupos; os países
muçulmanos do norte da África e os
países ao sul do Deserto do Saara.
Os
movimentos de libertação dos países da norte da África aconteceram a partir de
um desenvolvimento da consciência nacional. Na maior parte dos países , a luta pela independência foi
organizada por partidos políticos que conquistaram o controle do
governo.Opunha-se ao colonialismo europeu e estimulava vínculos entre países
árabes-muçulmanos.O principal objetivo do pan-arabismo em apoiar movimentos de
independência no norte da África e aproximar as ex-colônias dos países
muçulmanos do Oriente Médio.Dessa forma,pretendia-se diminuir a influência
cultural e política do Ocidente na região.
Enquanto as ideias do pan-arabismo
estimulavam a independência no norte, a África Subsaariana também se rebelava
contra a colonização europeia. Conforme
Ali A. Mazrui apud Christophe Wondji.
Quando nasceu a
Organização para a Unidade Africana (OUA), em Adis‑Abeba, no mês de maio de 1963, seu posto de maior
importância talvez não passava de uma poltrona vazia; o chefe de Estado de
maior relevância era um presidente morto. Tratava‑
se de Sylvanus Olympio, assassinado no Togo no início do mesmo ano. Sua morte violenta
anunciava o desenrolar dos acontecimentos posteriores. Ele foi o primeiro chefe
de Estado vítima de um assassinato na África pós‑colonial
e o golpe de Estado que sucedeu o crime foi o primeiro do gênero ao sul do
Saara. (MAZRUI apud WONDJI, 2010,p.15)
O
pan-africanismo vinha do século XIX e havia inspirado, nas décadas de 1920 e
1930, movimentos como a da negritude,
que tentava lutar contra a dominação total da África.O negro, diziam, era
triplamente oprimido: era vítima do preconceito racial, do domínio colonial e
da exploração social.Como afirma Boahen
:
As
mudanças introduzidas no domínio cultural, a discriminação racial e a
condenação da cultura africana tal como era proclamada durante a dominação
colonial limitavam‑ se no essencial às
zonas costeiras e aos centros urbanos, ao passo que a vida nas zonas rurais
seguia em grande parte seu próprio curso. ( BOAHEN,2010,p.949).
O
processo de independência da África Subsaariana, portanto não era simplesmente
uma luta contra o imperialismo europeu, era também um movimento contra o racismo.
Por isso se estimulava a tomada da consciência negra e a construção do orgulho africano.
O retorno das línguas tradicionais foi uma manifestação dessa consciência.
Nos
países subsaarianos, porém o processo de independência manteve as fronteiras
estabelecidas pelas potências europeias. Muitas vezes. Foram incluídas num mesmo
Estado, populações com profunda diferenças étnicas e culturais. Em outras
situações, povos tiveram seus territórios divididos entre dois ou mais Estado.
Com base
nos textos, podemos perceber que após a colonização na África mudou o curso da história
da África, houve avanços tecnológicos e retirada “apagado” história, ou seja,
houve pontos positivos e negativos.
Referências
BOAHEN. Albert Adu. História
Geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 /– 2.ed.
rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 1040 p.
LLOYD, P. C., org. 1966. The New Elites
of Tropical Africa. Londres, OUP.
__. 1972. Africa
in Social Change. Harmondsworth, Penguin, ed. rev.IN: BOAHEN. Albert Adu. História Geral da África, VII: África sob dominação colonial,
1880-1935 /– 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 1040 p.
MAZRUI, Ali A.
WONDJI, Christophe. História Geral da África, VIII: África desde 1935 / – Brasília :
UNESCO, 2010.1272 p.
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