domingo, 13 de janeiro de 2013

ÁFRICA E O MUNDO



A África e o Mundo

Grande parte do continente africano serviu e serve de cenário a profundos conflitos sociais, econômicos, políticos e étnicos. Os problemas que atingem a maioria dos países africanos são reflexos da herança colonial, que desequilibra as economias locais e gera conflitos entre grupos sociais e políticos. Mesmo com o processo de descolonização, após  a Segunda Guerra Mundial, as marcas da dominação europeia ainda tem espaço  na África, a exemplo da ingerência de algumas potências nos assuntos das ex-colônias.Na esfera política, os regimes “socialistas” implantados após 1945 não apresentam um mínimo de eficiência, enquanto os Estados de economia “liberal’ não passam de tristes exemplos dos  frutos podres do neocolonialismo.E na esfera econômica, independentemente da orientação ideológica dos governos,o déficit público e a crescente dívida externa vêm agravando a miséria da grande maioria da população. Segundo Albert Adu Boahen :

 No entanto, a perda da independência e da soberania teve para os africanos uma significação bem mais profunda. Antes de mais nada, representou a perda do direito de se incumbir de seu destino, de planejar seu próprio desenvolvimento, de gerir sua economia, de determinar suas próprias estratégias e prioridades, de obter livremente lá fora as técnicas mais modernas e adaptáveis e, de maneira geral, de administrar – bem ou mal – seus próprios assuntos, buscando inspiração e alegria em seu próprio êxito e extraindo a lição de seus fracassos. Em resumo, o colonialismo privou os africanos de um dos direitos mais fundamentais e inalienáveis dos povos: o direito à liberdade.(BOAHEN.2010,p.927).

Hoje em dia alguns países da África são pobres e a população passa por grandes necessidades. Parece uma tristíssima ironia da História, porque no passado a África colaborou com o desenvolvimento das civilizações na Europa, na América e na Ásia. Para começar, a brilhante civilização do Egito. Os europeus aprenderam muita coisa boa com os egípcios, inclusive Matemática e técnicas de engenharia. A fome de ouro dos comerciantes europeus do século XV foi saciada com as minas da Guiné. O mesmo ouro também atraiu árabes e chineses para a costa oriental africana. Não esqueceremos nunca que milhões de seres humanos foram arrancados pra servir de escravos nas plantações e minas na América.
O processo de descolonização da África se deu por conta do pós-guerra, o domínio imperialista europeu na Ásia e na Europa passou a ser questionado. Não havia mais condições políticas para a manutenção de colônias. Afinal, os europeus haviam lutado contra as ditaduras em seu próprio continente mas continuavam dominando os povos de suas colônias na África e na Ásia.
A Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 1945 para intermediar a relação entre os países e permitir que encontrassem saídas diplomáticas para seus conflitos, também defendia a igualdade entre países.
Por outro lado, parte da população das colônias, na África e na Ásia, havia muito tempo se organizava e lutava para conseguir sua independência. Como afirma  P. C. Lloyd.

 É fácil questionar hoje a lentidão do desenvolvimento econômico durante os cinquenta anos de dominação colonial. Não obstante, a diferença entre a condição da sociedade africana do final do século XIX e a do final da Segunda Guerra Mundial é espantosa. As potências coloniais proporcionaram toda a infraestrutura da qual dependeu o progresso na época da independência: aparelho administrativo, aliás eficiente, que alcançava as aldeias mais remotas, uma rede de estradas, de ferrovias e de serviços básicos em matéria de saúde e de educação. As exportações de materiasprimas trouxeram considerável riqueza aos povos da África ocidental. (LIOYD,2010,p.920).

Durante o processo de descolonização, as rivalidades entre os blocos socialistas e capitalista também se manifestaram na África e na Ásia .Na disputa pela hegemonia mundial,Estados Unidos e  União Soviética apoiaram vários movimentos de independência, visando ocupar o lugar dos amigos impérios coloniais europeus.A intenção não era  se imporem como novas metrópoles, com possessões territoriais e administração direta, mas estabelecer uma influência política e econômica sobre os nascentes países.
Apesar das diferenças de uma região para outra, de uma colônia para outra, podemos separar os processos de descolonização da África em dois grandes grupos; os países muçulmanos do norte da África  e os países ao sul do Deserto do Saara.
Os movimentos de libertação dos países da norte da África aconteceram a partir de um desenvolvimento da consciência nacional. Na maior parte  dos países , a luta pela independência foi organizada por partidos políticos que conquistaram o controle do governo.Opunha-se ao colonialismo europeu e estimulava vínculos entre países árabes-muçulmanos.O principal objetivo do pan-arabismo em apoiar movimentos de independência no norte da África e aproximar as ex-colônias dos países muçulmanos do Oriente Médio.Dessa forma,pretendia-se diminuir a influência cultural e política do Ocidente na região.
Enquanto as ideias do pan-arabismo estimulavam a independência no norte, a África Subsaariana também se rebelava contra a colonização europeia. Conforme  Ali A. Mazrui apud Christophe Wondji. 
Quando nasceu a Organização para a Unidade Africana (OUA), em AdisAbeba, no mês de maio de 1963, seu posto de maior importância talvez não passava de uma poltrona vazia; o chefe de Estado de maior relevância era um presidente morto. Tratava se de Sylvanus Olympio, assassinado no Togo no início do mesmo ano. Sua morte violenta anunciava o desenrolar dos acontecimentos posteriores. Ele foi o primeiro chefe de Estado vítima de um assassinato na África póscolonial e o golpe de Estado que sucedeu o crime foi o primeiro do gênero ao sul do Saara. (MAZRUI apud WONDJI, 2010,p.15)

O pan-africanismo vinha do século XIX e havia inspirado, nas décadas de 1920 e 1930, movimentos como a  da negritude, que tentava lutar contra a dominação total da África.O negro, diziam, era triplamente oprimido: era vítima do preconceito racial, do domínio colonial e da exploração social.Como afirma  Boahen :
As mudanças introduzidas no domínio cultural, a discriminação racial e a condenação da cultura africana tal como era proclamada durante a dominação colonial limitavam se no essencial às zonas costeiras e aos centros urbanos, ao passo que a vida nas zonas rurais seguia em grande parte seu próprio curso. ( BOAHEN,2010,p.949).

O processo de independência da África Subsaariana, portanto não era simplesmente uma luta contra o imperialismo europeu, era também um movimento contra o racismo. Por isso se estimulava a tomada da consciência negra e a construção do orgulho africano. O retorno das línguas tradicionais foi uma manifestação dessa consciência.
Nos países subsaarianos, porém o processo de independência manteve as fronteiras estabelecidas pelas potências europeias. Muitas vezes. Foram incluídas num mesmo Estado, populações com profunda diferenças étnicas e culturais. Em outras situações, povos tiveram seus territórios divididos entre dois ou mais Estado.
Com base nos textos, podemos perceber que após a colonização na África mudou o curso da história da África, houve avanços tecnológicos e retirada “apagado” história, ou seja, houve pontos positivos e negativos.





























 Referências

BOAHEN. Albert Adu. História Geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 /– 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 1040 p.


LLOYD, P. C., org. 1966. The New Elites of Tropical Africa. Londres, OUP.
__. 1972. Africa in Social Change. Harmondsworth, Penguin, ed. rev.IN: BOAHEN. Albert Adu. História Geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 /– 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 1040 p.


MAZRUI, Ali A. WONDJI, Christophe. História Geral da África, VIII: África desde 1935 / – Brasília : UNESCO, 2010.1272 p.

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